Sabe-se lá quem era aquele escravo, surgido de lugar nenhum, ali na beira do mato. Tinha um olhar de quem muito viu, os cabelos encaracolados, e sobre as costas as marcas dos castigos escritos a chicote. Os que passavam com as canas nos ombros, aproveitaram para descansar.

Deitaram-nas no chão, e o seguiram para bem perto dali, onde lhes mostrou um tronco de árvore caído. Bateu com as costas das mãos, e gostou do som. Entoou cantoria e numa rapidez nunca vista, foi ocando a madeira, até que viram surgir um tambor bonito. Deu de presente para eles, e quando no caminho de volta perguntaram de onde era e o seu nome, ele respondeu:

– Benedito! De todos os lugares.

Quando foram agradecer, colocando as canas sobre sobre os ombros, ele havia desaparecido, do mesmo jeito que havia chegado. Desde esse tempo, quando começa um tambor-de-crioula, os tocadores e as coreiras, entre pungadas, não têm dúvida alguma que aquele homem era São Benedito, o santo protetor das rodas de tambor.

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