Na ilha de Java, o povo da etnia Tenggerese joga lá do alto suas oferendas aos deuses que moram no Vulcão Bromo. São flores, arroz, animais e frutas, numa chuva de fartura. Mais abaixo, estão os mais pobres de outras etnias, se arriscando entre fumaça, calor e rugidos das entranhas da Terra. Com cabos compridos e redes, que mais parecem instrumentos para caçar borboletas, tentam a qualquer custo pegar as oferendas, antes que elas mergulhem no magma. Eles bem sabem, que a fome dos deuses não é maior do que a deles, e a desigualdade é incandescente, mesmo diante da cegueira do mundo.

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