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– Eita, que quando ela tá no salão tu toca até mais bonito, né?

– Deixe de conversa homem, procura é tocar teu instrumento é que é! – Respondeu o velho músico de cabelos brancos, já ao final da apresentação – O diacho é que ela só vive acompanhada. Mas também bonita desse jeito, como é que vai ficar só? Olha aí, nem esses candeeiros tudinho iluminam mais este salão do que o sorriso dela. Anda com passos tão leves, que a gente até pensa que ela trm medo de quebrar o chão. E não minta para este velho, tu já viu bem de pertinho a claridade do dia nascendo nos olhos dela?

– Não disse? Tu tá é apaixonado. Não sei como babando desse jeito, tu consegue tocar teu piston.Vumbora, que o dia já tá é clareando.

Depois de receberem o pagamento, por mais uma noite tocando naquela boate, os músicos da orquestra agradeceram e rumaram para casa. O dia já despontava, confundindo as cores no céu de Rosário.

– Que barulho é esse? – Perguntou o senhor do saxofone, apurando os ouvidos. Mas não foi preciso ninguém responder. Dobrando a rua, avistaram um boi de zabumba, em cantoria e festança. Olharam-se e cada um pegou o seu instrumento para participar daquela festa, andando pelas ruas da cidade.

– Hum, é a primeira vez que vejo isso! – Resmungou aquela senhora, abrindo a janela para ver o boi passar. Limpou os olhos e bocejou as tantas idades – Nessa nossa Rosário eu já tinha visto de tudo, mas bêbado é coisa que inventa. Daqui a pouco vão dizer que isto é um boi de orquestra. Quer ver, espera!

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