Em 1830, o missionário George Augustus foi contratado para levar os remanescentes dos tasmanianos para as ilhas Flinders, por ordem dos colonizadores. Precisou da ajuda de uma mulher nativa: Truganini. Ela então, os guiou. Sábia e humana percebeu que enfrentar os colonizadores implicaria nos piores castigos para o seu povo.

As crianças foram separadas dos pais, os maridos das esposas, e os netos dos avós, para facilitar o processo “civilizatório”. Todos os dias liam a bíblia e entoavam cânticos a um deus que jamais viram ou sentiram. Subnutridos e doentes, começaram a morrer e o governo reduziu os gastos para acelerar a extinção do povo tasmaniano.

Em 1869, só restavam vivos: Truganini, um homem e uma outra mulher. Em pouco tempo os dois morreram, e Truganini se fez a última lembrança de um povo. Antes de morrer ela pediu que fosse cremada e suas cinzas fossem jogadas ao mar, mas ninguém obedeceu. Seu corpo foi exposto em um museu público até 1947. Apenas em 1976, no centenário da sua morte, seu pedido foi realizado, apesar de todo protesto do museu.

Enfim, ela teve o direito de se juntar ao mar. As ondas em movimento permitiram guiar seu povo para um lugar feliz, onde nenhum colonizador podia impedir os abraços. Seus deuses vieram lhes receber e cada criança voltou para o braço dos pais, cada esposa beijou o marido, e cada neto pediu a bênção aos avós. Abraçados, esqueceram deste mundo para que pudessem relembrar do outro onde haviam chegado.

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