As idades eram tantas que já não se podiam contá-las. Há muito fora um guerreiro indígena temido, agora deitado na rede, velho e sem força, está o chefe dos tairiana, Buopé. Certa noite, a Mãe do Sono lhe arrastou para dentro de um sonho comprido, e o fez sonhar que morria. Viu toda a família chorando à sua volta e no chão não se via mais a sombra do seu corpo. Quando acordou, chamou a mulher, filhos e netos, irmãos e amigos de caça e pesca e se despediu, sereno como uma canoa que desce o rio que corta a sua aldeia. Assim que o sol nasceu murmurou antigas cantigas, e suspirou pela última vez. Do seu corpo saiu um beija-flor, tão colorido, que diante do céu, mais parecia um pedaço de arco-íris.

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